Leh

de lena de helena

de leveza - no olhar e no coração

de lembrança querida - saudade boa

de leite quentinho com canela - que acolhe a alma

de levar o encantamento e a sabedoria da terra para perto de si

Na cadência do fio, na linha do tempo, nascem objetos que evocam histórias, onde as contas são contos e memórias da nossa existência. Elas são o sentir, o lembrar e o aprender.

Leh é um convite para contemplar, com tempo, as pequenas grandes coisas da vida.

 

Processos

As esferas de cerâmica colorida do Vale do Jequitinhonha (MG), são modeladas, pintadas e queimadas por mulheres que aprenderam, desde muito cedo, a moldar suas vidas através do barro da sua terra. Terra de onde veio a minha família e onde eu sempre encontro paz, acolhimento e calma.

Ao me debruçar sobre uma obra todo o meu processo é muito intuitivo. Eu adoro desenhar, mas no ato de criação, não há desenho nem projeto. Há experimentação e intuição. É o gesto, deixo fluir, sem julgamentos, sem cobranças, sem medidas exatas. É uma sensação de liberdade e preenchimento que eu não consigo descrever em palavras. Ao final, quando vejo a peça pronta, principalmente as de parede, sinto paz, uma sensação de encantamento, acolhimento e calma - são estas emoções que eu gostaria de compartilhar com as pessoas.

Encadear as contas nos fios é como rememorar momentos na vida, o fio é o tempo, que é o mesmo para todos nós, cada dia, cada hora do relógio contém a mesma quantidade de minutos e segundos, entretanto cada indivíduo traça sua própria jornada - com seus altos e baixos, encontros e desencontros. As contas também contam suas histórias: as esferas de madeira torneada, rochas e cristais (brutos ou lapidados) - matérias que possuem conexão entre si:  a madeira cresce na terra, os cristais se formam sob a terra e a cerâmica é a própria terra. São materiais que vêm de dentro do mundo, que levam tempo para se formar e por isso mesmo, eu acredito, que eles contenham muita sabedoria e energia.

 

A Leh faz parte do projeto SER UMANAS, de Roberta Tilkian, que investe e desenvolve modelos de gestão para marcas de pequenos artistas que valorizam a mão-de-obra brasileira e geram impacto social.

 

Sobre Lena

Lena Emediato. Eu mesma: Maria Helena Emediato. Nasci em 1984. Tive uma infância muito feliz entre São Paulo e Minas Gerais - Estado da minha família materna e de onde eu guardo as mais gostosas lembranças de infância. Eu sou arquiteta formada pela FAU - Mackenzie e pós-graduada do IED/SP (Istituto Europeo di Design) com especialização em Design Mobiliário pela Escola Panamericana de Arte. Sempre fui uma pessoa muito "buscadora" e fazedora. Trabalhar com as mãos e construir coisas sempre foram constantes na minha vida.

Morei 6 meses no Sul da França, a ideia era aprender francês e depois  fazer alguma especialização em arte ou design. Bacana né?  Eu amei a experiência e a viagem, mas quanto mais eu ficava lá, mais saudades eu tinha da minha terra, da minha família, das nossas comidas, da nossa cultura. Eu percebi que para mim, não fazia sentido estar tão longe das coisas que eu mais gostava (apesar do vinho ser ótimo e barato). E voltei. Comecei a viajar pelo Brasil, estudar sobre nossa cultura, nossas tradições e nosso artesanato. Conheci pessoas incríveis nessa jornada e que compartilhavam dos mesmos ideais e propósitos que eu, o que me estimulou e fortaleceu muito. Numa destas viagens fui ao Vale do Jequitinhonha, que fica no norte de Minas Gerais. Apesar da minha família ser de Minas e minha mãe ter nascido e crescido na região, eu nunca havia conhecido a fundo as origens da cerâmica naquele lugar. Essa viagem (2016), com o foco na arte feita pelas mulheres do Vale, me inspirou demais. Minha avó materna havia falecido há pouco tempo, e estar em meio àquelas mulheres tão parecidas com ela, era como ser acolhida novamente pelo colo da minha avó.